Eles tiram do próprio bolso o conserto de viaturas e fazem serviços braçais para manter patrulhamento
O sorocabano está acostumado a abrir jornais, sites e ver na televisão
que a GCM (Guarda Civil Municipal) de Sorocaba realiza um trabalho
intenso que gera diversos flagrantes, sobretudo de tráfico de drogas,
tanto que no primeiro semestre deste ano, a corporação registrou 471
ocorrências deste tipo crime, principalmente envolvendo adolescente.
Porém, o que poucos sabem é que, para patrulhar os prédios públicos da
cidade, boa parte dos GCMs faz vaquinhas e paga do próprio bolso as
peças e os vidros das viaturas que frequentemente quebram.
O mais alarmante é que a prefeitura tem conhecimento do fato, mas só
agora garantiu que em até três meses a situação será resolvida.
Além disso, os profissionais se sentem desmotivados pela falta de
reconhecimento do trabalho realizado. “Não está fácil. Nós amamos o que
fazemos e não queremos parar, mas as condições são poucas”, afirma um
guarda civil que preferiu não se identificar com medo de represálias.
Parte da frota da GCM estava alocada na antiga sede da corporação, ao
lado da prefeitura. Os próprios guardas trabalharam como pedreiros,
serventes e pintores para deixar o lugar em condições, pedindo doação do
material necessário para pequenos reparos. “Não tivemos nenhum centavo
de dinheiro público para isso”, acrescenta um outro GCM que também não
quis se identificar.
Mesmo assim, eles estão de mudança para o antigo prédio do Saae da Vila
Haro. Funcionários da execução fiscal da prefeitura terão de deixar as
duas salas que ocupavam no Fórum, à pedido da Justiça, e irão para o
prédio da antiga sede da Guarda Civil.
Por isso, o BOM DIA foi acompanhar do lado de fora o trabalho de limpeza
do novo espaço que, mais uma vez, está sendo feito de forma braçal
pelos guardas.
A mudança está programada para ocorrer oficialmente durante esta semana.
‘Não é para se sentir desmotivado’, diz João
O BOM DIA conversou com o secretário de Governo de Sorocaba, João
Leandro da Costa Filho, sobre os problemas reclamados pelos guardas
municipais.
Segundo ele, este esforço por parte dos guardas só demonstra a grandeza e
o profissionalismo da corporação. “Essas pessoas trabalham com amor e
postura diferenciada, principalmente após este comportamento: de arcar
com os custos para não interromper o trabalho”, elogia.
O secretário também ressaltou que a intenção não é que os próprios GCMs
façam esses trabalhos, mas admite que a prefeitura está com dificuldades
para manter a manutenção de toda frota pública, não somente as
viaturas. “Muitos profissionais da área de manutenção se aposentaram e
não foram substituídos. Além disso, esbarramos na burocracia que leva
mais de um mês para que o processo de compra de uma peça seja
concluído.”
Ele garantiu que em até três meses o problema será resolvido. “Iremos
organizar uma ata de preços que vai agilizar a burocracia e poderá
contar também com oficinas credenciadas com a prefeitura.”
O secretário finaliza dizendo que não é para os GCMs se sentirem
desmotivados, pois a intenção nunca foi causar qualquer tipo de
constrangimento. “Se a prefeitura não der condições de trabalho e
viaturas, aí sim a Guarda terá razão neste caso.”
MAIS
Longe das ruas
Recentemente, a Romu (Ronda Ostensiva Municipal) teve de se ficar
distante das ruas, pois só havia uma viatura funcionando. Então, no
horário de expediente, os GCMs permaneciam na base por causa da falta de
veículo para locomoção. A situação também ocorre com os carros do
patrulhamento comum. Para evitar situações como esta, os próprios
guardas faziam o orçamento e o pagamento das peças.
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