A notícia de que 23 agentes da guarda civil municipal de São Vicente
reivindicam no Supremo Tribunal Federal (STF) o direito de portar armas
de fogo pegou muita gente de surpresa dentro da corporação. Alguns
agentes procuraram A Tribuna para dizer que não concordam que este grupo
fale em nome da entidade, e se mostram desconfortáveis com a
possibilidade.
De um modo geral, a justificativa dada pelos contrários ao armamento é
a de que, antes de equipar os agentes com armas de fogo, é preciso
melhorar a estrutura atual. Em outras palavras, na opinião destes, mais
vale investir na contratação de guardas civis, viaturas e fardamentos.
“Sou 100% contrário à proposta. Não tenho o menor interesse de
concorrer com a Polícia Militar, que é a verdadeira responsável por
garantir a segurança pública”, justifica o comandante da Guarda Civil
Municipal, Paulo Paixão.
Responsável por comandar uma corporação com efetivo de 245 agentes,
Paixão enumera pelo menos outras três áreas que devem ser vistas como
prioritárias: melhorias na sede do canil da Guarda, aquisição e
equipamento de uma sede e a aquisição de um novo lote de coletes para os
agentes.
O subcomandante da corporação, Paulo Sérgio Lourenço, segue o mesmo
discurso. “É o tipo de medida que precisaria ser bem calculada, além de
depender de uma preparação psicológica intensa para capacitar os
agentes”, comenta. Para ele, ao menos no momento, mesmo com um
acompanhamento psicológico “não é hora de pensar em armas”.
A principal preocupação recai sobre os agentes de rua, ou seja,
aqueles que passam os dias fazendo patrulhamento, que serão os mais
afetados pela medida, caso o grupo consiga aprovação do habeas corpus
que garantiria o aparelhamento do efetivo da corporação no STF – a
proposta foi negada anteriormente na Comarca de São Vicente e nas
instâncias seguintes.
“Ninguém deste grupo me perguntou se quero andar armado. E se fizerem
esta pergunta, a resposta será negativa”, comenta um agente, que
costuma fazer a ronda em um equipamento municipal.
Já o guarda de primeira classe, Samuel Teixeira, é mais enfático.
Ele, que costuma fazer o patrulhamento em viaturas, teme que um eventual
armamento possa fazer dos guardas municipais alvos de bandidos. “Já fui
militar e andei armado. Posso garantir que não teria problema em
manusear um revólver. Mas acho que seria uma experiência horrível”,
comenta.
Duas razões justificam o seu ponto de vista.“Primeiro, não é qualquer
pessoa que tem estrutura psicológica para estar armada. Segundo, porque
nosso efetivo é reduzido, de modo que frequentemente o patrulhamento é
feito apenas por um agente. Qualquer malandro pode enquadrar este guarda
e roubar seu artefato”, justifica.
Em consulta interna realizada em 2009, a supervisora da Guarda
Municipal, Andréa Carla Bermudes Duran, lembra que menos de 10% do
efetivo mostraram-se favoráveis ao aparelhamento.
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